O que significa ser crente hoje

0
No início da Era
Cristã, os discípulos de Jesus foram chamados de cristãos,
mas isso nada tinha de elogio;era apenas um adjetivo
pejorativo, pois eles eram “diferentes”. Naquele tempo
eles eram perseguidos e lançados às feras. Quando o
cristianismo se tornou a religião majoritária e
oficial, cristão virou substantivo. Ficou “chique”,
pois não mais havia perseguições e apenas se
requeria deles mera formalidade exterior.

Aconteceu de modo semelhante com os crentes no Brasil. De
um passado de perseguições inclementes, ocasião em que
muitos pagaram com a própria vida por causa de suas
convicções, depois as coisas mudaram. Com inúmeras igrejas
e teologias para todos os gostos (e desgostos), ser
crente ganhou uma conotação “chique” que destoa de seu
antigo significado.

Muitos acham que crente é aquele que não mata, não
rouba, não mente, não tem vícios, frequenta igreja,
veste-se modesta e decentemente, e não fala
coisas inconvenientes. Outros acham que o crente não precisa
ser diferente, isto é, pode viver do mesmo jeito que vivia
antes, desde que faça as coisas “em nome do Senhor”. Já
outros acham que, sendo crentes, adquirem um
passaporte para um mundo-cor-de-rosa, tornando-se
supercrentes: jamais ficam doentes, não têm crises
financeiras, nem quaisquer problemas.

Embora respeite opiniões contrárias, entendo que ser
crente é algo mais profundo, pois tem a ver com a mente e o
coração, com uma radical mudança na essência do ser, e
não apenas com meras atitudes exteriores. Pode-se tentar dar
muitas definições, mas ser crente jamais passará disso:
uma nova criatura a viver de conformidade com o Evangelho
de Jesus Cristo. Esse ponto tem sido ignorado e traz
muitas confusões às mentes das pessoas.

Mas o termo crente está em desuso. Agora, o chique é ser
evangélico. Quando mulheres famosas posam nuas, falam
imoralidades e rebolam “em nome do Senhor”, se dizendo
evangélicas e defendendo que o exterior não importa, pois
“Deus quer é o coração”; quando bandidos contumazes
cometem todo tipo de atrocidade, mas no dia
seguinte a serem pegos já se postam com a Bíblia na mão e
se dizem evangélicos; quando desvios de comportamento
procuram ser atenuados com essa nova palavra mágica,
então podemos ver que algo está errado não só no
entendimento do que significa ser evangélico, mas no próprio
“modus vivendi” das pessoas que trazem afrontas e
vitupério ao nome de Cristo.

Crente e evangélico, por definição, deveriam ser
essencialmente a mesma coisa — aquele que segue fielmente o
Evangelho. O problema é o desvio espiritual de quem quer
apenas um rótulo chique, cuja religião demonstra
cristianismo sem Cristo, discipulado sem cruz,
privilégios sem responsabilidades,
espiritualidade sem amor, liturgia sem liberdade do
Espírito, e piedade sem poder de Deus.

Se crente é aquele que segue o Evangelho, tomemos uma
expressão do Sermão do Monte para julgarmos a situação
segundo a reta justiça. Jesus disse: “Vós sois o sal da
terra; ora, se o sal vier a ser insípido… para nada mais
presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens.
Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade
edificada sobre um monte”.

A função primária do sal é salgar, preservar e dar sabor.
O propósito da luz é iluminar. São coisas tão evidentes que
não necessitam de ilustração.Jesus as utilizou para deixar
claro que esperava de Seus discípulos que a sua
influência na sociedade fosse semelhante ao sal e luz.

O problema é que alguns são “crentes” apenas nominalmente,
não são regenerados; são “crentes” insípidos e em
trevas, que nunca salgam e jamais iluminam nada. Jesus os
identificou como “joio”. Estes alargam o “caminho estreito”
da salvação e fazem com que o nome do Senhor seja
blasfemado. Em contrapartida,louvo a Deus pelos crentes
fiéis, os quais vivem de modo digno do Evangelho, honrando o
bom nome de Cristo e demonstrando com o seu exemplo
que a verdade do Evangelho se credencia na prática.

Quando a sociedade julga os crentes por aqueles que não
vivem de acordo com o Evangelho, podemos tirar disso
uma lição. A sociedade espera que sejamos realmente
diferentes, que vivamos o que pregamos, não o contrário.
Quando somos expostos pela imprensa por causa de uns
poucos “convencidos” (não convertidos), isso só deve nos
fortalecer no propósito de continuarmos a ser sal e luz
num mundo que se revolve cada vez mais na podridão de suas
próprias trevas espirituais e morais.

Jesus disse que a árvore é conhecida pelos seus
frutos. E também afirmou: “Nem todo o que me diz: ‘Senhor,
Senhor!’ entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a
vontade de meu Pai, que está nos céus”. Vale a pena ser
crente em Jesus!

Pr Samuel Câmara
Presidente da Rede Boas Novas

Fonte: PortalValeGospel.com

Postar um comentário

0Comentários

Só aceitaremos comentários com identificação, sem ofensas ou palavrões.

Postar um comentário (0)